terça-feira, 7 de novembro de 2006

Coisas Que Só Acontecem Comigo - parte II

Ônibus TRANSPEN "São Paulo - Itararé", 300km de viagem em 6 horas.


Viajar de ônibus no feriado já é coragem sem tamanho. Para o interior, então, nem se fala.

Você pegar um ônibus com um velho que insiste em cortar as unhas ao seu lado, não tem preço.

CORTAR UNHA EM ÔNIBUS. Com tesoura de cortar papel. Por favor. É lasca voando para todos os lados. É nojento, é uma falta de noção absurda, é....nem tenho palavras.

Após a foto, fui salva pela poltrona 13 do outro lado do corredor, vazia e com vista para a estrada seca. Eu sabia que deveria ter viajado na 27, que é minha poltrona da sorte.

Eu tirei a foto porque mandei um SMS para minha irmã avisando que aquilo estava acontecendo e ela não acreditou em mim. E eu sei bem tirar foto fingindo que há algo de errado com a máquina.

Viajar pela TRANSPEN é colecionar histórias. Fazemos esse trajeto desde 1989. Nesses 17 anos, já aconteceu de tudo lá dentro.

Fizemos até parte de uma previsão da Mãe Dinah, que previu no programa do Gugu que o nosso ônibus iria capotar na estrada. Apesar dos amigos da faculdade terem me alertado da previsão da velha em rede nacional, eu não dei bola e fui. Capotamos em pleno feriado de Páscoa na Castelo Branco. Tivemos que pegar carona no acostamento para fugir das câmeras da Rede Record que chegaram antes das ambulâncias. Você já tentou sair pela janela de emergência de um ônibus? Então fique em forma, porque se você pesar mais que 80 kilos você morre queimado dentro dele.

Eu tenho pavor da 'parada' no posto Borssato. Ele fica exatamente no meio do caminho. Quando o motorista berra com aquele sotaque que conheço bem: "Parada de quEnze mEnuto", tenho vontade de dormir a acordar só na rodoviária.

Porque sei que, depois do Borssato, a viagem nunca mais é a mesma. As pessoas conseguem, eu juro, comprar espeto de frango lá dentro. E deixam para comer no ônibus, claro. Tem a coxa de tender (aham) frita, que vem amarrada em papel toalha. E o nosso tradicional encapotado. As crianças entram com a boca laranja de Doritos e sempre tem uma que vomita ao meu lado. O ônibus, graças ao maravilhoso mundo do ar condicionado, não tem janelas "que possam ser abertas". E você tem o prazer de cheirar gordura por mais 150km.

Eu sempro chego em casa cheirando quermesse de junho.

Os filmes da viagem são 'espetaculares'. Em uma das viagens, peguei um do Van Damme, que ele cheira cocaína e transa com duas mulheres ao mesmo tempo. Várias crianças no ônibus, senhoras e tarados em geral. Eles sempre inventam em colocar filmes de ação, e ainda não entendi porque não ficam com os filmes estilo Meg Ryan. Mesmo que tenha cenas de sexo, não vamos correr o risco de ver um anão francês abrindo espacato e mandando ver nas pequenas indefesas.

Agora que tem DVD, ficou engraçado. Eles sempre esquecem de selecionar a legenda, ou se confudem com o áudio, então não é difícil pegar 2 horas de estrada ouvindo um filme em francês. Porque é claro que ninguém vai até o motorista para reclamar.

Um amigo já teve o ônibus seqüestrado um pouco antes de chegar na cidade, uma amiga viajou com um ex-presidiário que pedia que ela abrisse a blusa... Eu juro que um dia coleciono todas elas e faço outro blog.

Um policial metaleiro viajou comigo uma vez e não me deixou dormir um segundo sequer. Ele colocou um dos fones do walkman dele no meu ouvido, mesmo contra minha vontade, e me fez ouvir Metallica em versão Apocalyptica por horas.

Mas tudo menos velho cortando unha do meu lado!
Eu me lembrei de um texto do JRDuran para a Revista TRIP, no qual ele dizia que um dia foi pegar a pizza no restaurante, ao invés de pedir o delivery, como de costume. Chegando lá, ele viu um dos caras cortando a unha bem ao lado do pizzaiolo. Ele saiu do restaurante, jogou a pizza na primeira lata de lixo que encontrou, e nunca mais conseguiu fazer um pedido de entrega. Já imaginou quanta caspa e resto de cutícula a gente já engoliu nessa brincadeira?

5 comentários:

Lucasof disse...

Esse ano fui ao RJ vendo Zardoz, que acabou depois de algumas (duas) horas. O resto da viagem foi na base do "menu do DVD" com o som no repeat. Todo um glamour, momento para reflexão.

E foi por pouco que não fiz xixi na cadeira enquanto lia seu post, Tica. Incrível.

Anônimo disse...

Bean, fazia tempo que nao ria tanto!!!!!!!!!

Unknown disse...

Jesus!!!! Hola, que tal?
eu juro que isso só acontece comigo!
nesse último feriado, uma menina vomitou com o ônibus parado. Antes de sair da rodoviária.

Cax disse...

Hahaha! Essas histórias de ônibus são bem engraçadas (quando não somos o protagonista, porque aí elas ficam bem trágicas), mas veja o lado bem, pelo menos você não teve que assistir ao DVD do Teodoro e Sampaio, como eu...
Pinga ni mim!

Kamille disse...

Uma vez um maluco cismou comigo. Mudei de poltrona, ele também. Sentei longe de todo mundo na parada, ele veio pra perto e puxou papo. MEDO.