** Fui ver o "DJ set" do
Peter Hook lá no segundo dia do Motomix. Domingão chuvoso, friozinho, pós-dormida de almoço bem tarde, etc. Ou seja, o pior dia para se meter num galpão vazio com alguns adolescentes deitados no chão, um grupinho pequeno de empolgados em frente a um palco com uma pessoa e uma picape.
** Não sou fã de
show de DJs pra começar. "Admiro o trabalho e entendo a proposta" (essas frases são ótimas para não se comprometer muito e evitar críticas pesadas), mas para mim
DJ é na pista, no chão, em dia de festa e de balada. Não entendo a lógica de uma mega evento só com DJs, porque nem se sabe o que o cara está fazendo lá em cima. Ele pode estar com o set todo pré-gravado em CD-R, e enquanto passeia pelo Orkut, manda e-mails, e tal, as pessoas estão lá embaixo no "clima de paquera". Também
tenho um problema grande com música eletrônica porque não sei diferenciar uma música da outra. Às vezes
nem percebo que mudou o DJ, na verdade.
** E explicando tudo isso fica mais fácil entender porque eu achei o
segundo dia do Motomix uma coisa inútil. Teria sido legal tudo no mesmo dia, o clima de sábado à noite nem se compara com o de domingo à tarde, e o revezamento de DJs teria tido mais sentido para essa minha cabeça que não entende show em palco sem guitarra.
** Mas valeu a pena ter ido ver o
Peter Hook. Foi divertido, parecia festinha de mega-hits. Todo mundo dançou, cantou, um clima ótimo. Não dá para pegar birra de alguém com a história que ele tem. Até porque ele começa o set com
"Love will tear us apart" desconstruída, e daí já ganha todo mundo que está lá esperando.
** Mas e a banda, meu Deus?
** Se fosse um outro DJ ali, tocando o que ele tocou, com a performance um tanto quanto cafona que ele fez, teria sido avacalhado no dia seguinte.
Mas Hook é Hook, ele pode. Ele tem o direito de tocar todas as músicas do
New Order remixadas (umas em versão bem Joven Pan), depois as do
Joy Division e depois as de bandas influencidas por ele mesmo (Blur, Gorillaz, Happy Mondays, etc) porque ele é... ele. Ele fez e faz parte daquilo. Mas tenho que confessar que me deu um pouco de vergonha alheia em certos momentos.
** Quando ele entrou, achei que fosse o
Arnaldo Jabor.
** Depois, como você pode perceber pela foto tirada do Wikipedia, vimos que ele se parece mesmo é com o
Finatti .
** Empolgadíssimo, todo serelepe, explosivo, mas... um exagero na dramatização! A cada som ele saía da picape, ia até a platéia, fazia aquela posição "boquinha da garrafa" (joelhos dobrados, bunda para trás numa agachadinha e mãos nos joelhos) e esperava a reação. O som rolava sozinho lá atrás. Se a platéia não se empolgava muito, ele levantava os braços em posição "Cristo Redentor" e pedia palmas.
** Uma outra inovação foi a "Dança do Coice", que só pode ser feita ao vivo. Pode pedir que eu faço. Vai ser A sensação do verão 2007. Enquanto ele girava um botão na mesa de som como se tocasse um solo de baixo pensando que fosse guitarra, jogando os cabelos brancos e fazendo caretas, ele levantava uma perna para trás, bem alto e com força. Um coice, fica fácil imaginar. Dependendo do trecho da música eram 4 coices de uma vez.
** Uma parte chata foi ele ter tocado na seqüência: "Anarchy in the UK", "24h Party People" e "Transmission" copiando
a mesma ordem do CD da trilha sonora do filme. Bem sem criatividade, até porque ele não remixou e deixou rolar. É a mesma ordem do CD, verdade! É
só olhar aqui, no final da página do Amazon .
** Parece que eu não gostei, mas juro que foi divertido. Só acho que parecia uma discotecagem caseira, aquelas de momentos nostálgicos anos 80, Manchester e tal, e o fato de ter ele lá, sozinho e sem banda, fica tudo muito estranho. Poderia ser qualquer um tocando as mesmas coisas, dá para entender? Ele tocou "Dare" do Gorillaz que eu adoro e me deixou feliz por uma música anos 00 ter entrado no setlist. As pessoas estavam tão felizes e empolgadas (tinha um/quarto do público de sábado, mas ok) que deu para ser ter uma idéia de como vai ser o show de novembro: festa, festa, festa. E não dá para reclamar disso.